sábado, 5 de maio de 2012

Kanban - Envolvendo o cliente

Vamos continuar a série saga de como estamos trabalhando para implantar a cultura da melhoria contínua no nosso ambiente. Hoje vou mostrar como expliquei o sistema para o cliente e solicitei o seu envolvimento no nosso processo interno. Quem não quer arruma desculpa. Quem quer, procura a solução em vez de ficar de mimimi.


Como anunciei no twitter, hoje o obtivemos sucesso parcial no nosso primeiro projeto utilizando Kanban de ponta a ponta. Sucesso parcial pois ainda não foi para produção, apenas passou sem defeitos na mão de um tester que eu confio muito.

Este sucesso parcial me empolgou a começar a tentar envolver o nosso cliente no processo. Vou mostrar aqui rapidamente como isso foi feito, sem revelar informações confidenciais, como sempre.

Como tinhamos uma reunião hoje ainda, conversei com o time e não obtive negativas, acreditei que poderiamos conversar já sobre isso.

Depois de resolvermos os assuntos da reunião, mencionei o parcial sucesso da nossa demanda, que tinhamos passado por teste de sistemas zerando os defeitos e antes do prazo. Com isso, informei que eu, pessoalmente, tinha certeza de que "um sistema que estávamos introduzindo" para mapear o fluxo e focar na melhoria contínua tinha sido um dos grandes responsáveis por isso.

A partir daí, conversamos durante 20 minutos e falei da importancia da confiança e do feedback rápido. Os argumentos passaram, principalmente, pela dificuldade em lembrar o que foi desenvolvido há 3 ou 4 meses atrás e que se conseguíssemos um feedback mais imediato seria melhor para o time e para ele. O que estávamos pedindo eram alguns minutos para validar o que disponibilizássemos. Melhor se imediatamente.

Por saber que o compromisso com o resultado é o que motiva as pessoas que envolvi, não tive a menor surpresa do interesse e da aceitação deles. Vamos abrir a caixa preta, mas confiamos que tudo o que será visto será usado para melhorarmos o processo que rege a execução do projeto e, de forma alguma, será usado para contestar horas de futuros projetos. A iniciativa ainda está muito limitada. Ainda, externamente, seguimos o processo atual. Geramos os mesmos artefatos, seguimos as mesmas fases. Mas as fases relacionadas à execução de fato, estão mapeadas e regidas pelo Kanban.

Nosso upstream partner é o documento de requisitos e o downstream partner é a release.

Durante os 20 minutos não mencionei, antes do fim da conversa, a palavra Kanban. Falei que o nosso objetivo é entregar valor e que estamos focados nisso. Precisamos de confiança mútua. Quer melhorar? Quer tentar reduzir o número de falhas? Eu também e posso propor isso - princípios do Lean - e estamos fazendo desta forma - algumas práticas do Kanban adaptadas para nosso contexto atual. Mostrei algumas referências (inclusive este blog) e me despedi na certeza de que temos mais um grande desafio pela frente.

O próximo passo será envolver algumas pessoas da equipe de testes (sim, silos) que tenho certeza que, com a cabeça aberta e também focados no objetivo comum, não serão resistentes. Com isso, seremos de fato iterativos e a cascata será apenas a casca.

Sei dos riscos a que me submeti, sei da minha exposição como responsável se a confiança for quebrada se, por exemplo, essa transparência for usada de forma inesperada.

Mas estou confiante no sucesso e preparado.

2 comentários:

  1. Excelente! É isso aí!

    Sobre o envolvimento das pessoas da equipe de teste, aqui fizemos isto logo no início. Passaram a sentar junto com o time de desenvolvimento e os resultados foram bem legais. Porém, alguns não se adaptaram ao formato iterativo, sem uma fase bem definida de planejamento de testes, com escrita de casos de teste baseados em casos de uso e pediram para sair.

    Outros vieram, gostaram do formato iterativo, mas não se adaptaram a "ficar longe" dos colegas de departamento de testes e pediram para voltar a sentar junto com eles. Também falaram que o formato que estávamos usando estava desalinhado com os direcionamentos corporativos (mesmo com a autorização da gerência regional).

    Bem, hoje, cerca de 1 ano depois do início das experiências de envolvimento com a equipe de testes, temos uma pessoa lá no departamento de testes, mas atuando de forma iterativa conosco. Ela utiliza o quadro de tarefas, mas a comunicação na flui tão facilmente, além do que ela precisa levar os cartões de histórias para a mesa dela, fazendo com que percamos a visibilidade de algumas coisas importantes.

    Bem, como sempre, boa sorte na jornada! :)

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    1. Obrigado Rafael!

      É importante adpatar-se ao contexto, mas também é importante identificar pontos de melhoria e atuar neles. O importante é que o Kanban pode te fornecer ferramentas que irão te ajudar a montar argumentos para tentar mudar o que não está bom.

      Abraços

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