quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Prazo e Escopo: O Mito - II

Brooks afirma que a relação Homem / Mês é um mito nas situações onde as tarefas são estritamente sequenciais e onde as tarefas exigem inter-relacionamento complexo.

No primeiro caso, o entendimento é simples, pois se temos duas tarefas estritamente sequenciais, a segunda só pode iniciar depois do término da primeira.


O segundo caso é mais complexo e exige um estudo mais detalhado.

Em tarefas que podem ser divididas, mas que exigem comunicação entre as subtarefas, o esforço da comunicação deve ser adicionado ao total de trabalho. Essa necessidade de comunicação pode se dar de duas formas: treinamento e inter-comunicação.

Cada novo trabalhador deve ser treinado na tecnologia, nos objetivos do esforço, na estratégia geral e no plano de trabalho. Este treinamento não pode ser dividido, assim, este esforço adicional varia, linearmente, com a quantidade de pessoas adicionadas à equipe.

Dos quatro exemplos de treinamento mencionados por Brooks, talvez a que possa ter menor impacto seja a questão da tecnologia, pois dependendo desta, é possível buscar no mercado especialistas que dispensariam esse treinamento inicial. Entretanto, não é possível buscar no mercado pessoas já preparadas nas demais situações, já que são específicos do projeto em andamento.

Para tornar clara a questão da inter-comunicação entre as partes envolvidas no projeto, Brooks lança mão de uma fórmula interessante: n(n-1)/2. Isto quer dizer que três pessoas exigem três vezes mais inter-comunicação que dois; quatro exige seis vezes mais. Então, o esforço adicional de comunicação pode anular completamente a divisão da tarefa original.

Construção de softwares necessita de um inter-relacionamento complexo, assim, o esforço de comunicação é grande, e rapidamente anula a redução do tempo proporcionada pela divisão de uma tarefa. Então, adicionar mais pessoas aumenta e não encurta o cronograma. Esta é uma máxima de Brooks.

O que Brooks combate, neste capítulo, é a solução mágica trazida por alguns gerentes que estão com o projeto atrasado e, para tentar voltar ao cronograma, contratam mais pessoas para a equipe. Isso fica mais claro nos tópicos tratatos mais para o fim do capítulo, quando são estudadas as questões de Teste de Sistema, Estimativa Covarde e, finalmente, o Desastre do Cronograma Regenerativo. Vamos analisar estes três pontos no próximo artigo.

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