quinta-feira, 10 de abril de 2014

Formação superior e certificações - O que mudou?

Hoje tive uma discussão interessante no facebook, onde participaram meus irmãos e alguns amigos. Revisitamos esse assunto e pude expor onde evoluímos, nesta necessidade que é essencial para termos um Brasil mais legal para se trabalhar.

Sinceramente, na área de certificações tivemos pouca mudança e eu continuo achando pouco relevantes. Passaram dois anos desde o lançamento do Accredited Kanban Training e a minha previsão não se concretizou. Realmente não sei se foi a forma do treinamento que não permitiu ou se de fato o mercado está despertando. Pelo menos a LKU assumiu o nome certificação. Estava ridículo.

Mas por que o mercado está despertando?

Talvez o mercado tenha percebido que a sopa de letras em um CV não quer dizer muita coisa. Quantas pessoas você conhece que vai sempre para um curso ou para a faculdade pesarosos? Como se estivessem fazendo algo por pura obrigação, apenas para aumentar o salário e ganhar status na empresa. São estas mesmas pessoas que odeiam a segunda-feira e amam a sexta-feira. Precisamos amar os dois dias, como todos os outros.

Seu dia de trabalho tem que ser um momento desejado, independente da sua função. Sempre encontramos propósito, nem que ele esteja "apenas" relacionado à nossa honra.

Se você odeia o seu trabalho ou o curso/faculdade, você está desperdiçando a sua vida em troca de um monte de papel no fim do mês.

Mas o problema não é apenas falta de paixão. A estrutura da maioria das certificações que temos é ruim. A avaliação de um CSM, na minha visão, deveria ser o cara atuar como SM de um time de verdade por uma semana ou mais. Mesma coisa para uma certificação Kanban, XP, Change Management, whatever. Em situações onde não existe a possibilidade de um contexto real, um contexto seria simulado - uma empresa cascata, por exemplo.

Nas faculdades e MBA parece que o cenário está mudando um pouco. Pelas informações que tenho, a academia começa a se preocupar um pouco em mostrar outras opções a este modelo ultrapassado de gestão de projetos e de produtos, principalmente de software.

É estranha essa demora de reação da academia a ideias como o Management 3.0 e ao Lean. As "ideias" do Appelo já estão aí há décadas, ele apenas fez uma compilação. Me digam onde "energizing people, empowering teams, aligning constraints, developing competence, growing structure, and improving everything" é novidade? A grande novidade foi envelopar tudo isso e usar a teoria da complexidade para tudo. O Sistema Toyota, surgiu logo depois da segunda guerra mundial e com o Japão se reinventando. Há quanto tempo Goldratt nos deu "The Goal"?

A academia precisa, pelo menos, falar sobre as alternativas e aprofundar no pensamento complexo e na teoria dos sistemas. Entender como um sistema se comporta e compreender que as relações entre as partes afetam mais este comportamento que as próprias partes em si.

Vejo estes assuntos como obrigação. Primeiro e segundo semestre e referências nos semestres posteriores, relacionando tudo.

Outro fator que me leva a estranhar bastante esta demora é o uso claro do método científico para avaliar hipóteses dentro de cada contexto específico e toda esta teoria estar fundamentada por números.

Este trabalho é todo baseado em princípios e valores. Não existe um manual de práticas escrito em pedra. Cada decisão é confrontada com os princípios e valores e cada transição toma uma forma própria, customizada para aquele contexto.

Isso quer dizer que devemos matar as faculdades e acabar com todos os cursos?

É óbvio que não. A ideia é que o processo de seleção das empresas sejam repensados. E os sinais indicam isso já começou.

A academia precisa também precisa se reinventar. Não adianta mais cuspir profissionais despreparados no mercado. Neste sentido, empresas boas que conheço, preferem ser coaches de um funcionário mais cru, sem os vícios que aparecem nas faculdades de TI e mostra-lo como adquirir conhecimento. Este funcionário tem que ter paixão. Este funcionário precisa amar a segunda da mesma forma como ama a sexta.

Poderíamos dizer que a faculdade poderia ser usada como um norte para pessoas que não conseguem estruturar um programa de estudos independente. Mas o problema novamente é o foco. Para este direcionamento, penso que os maiores eventos do mundo agregam mais valor. O networking é melhor e em bate papos descontraídos você encontra o seu direcionamento.

Normalmente, um livro bom puxa mais uma dezena de outros livros que valem a pena o estudo. Destes outros são puxados, e quando você notar, estará viciado e ciente do seu rumo.

E o PMI? Se eu fosse o PMI declararia a minha incompetência para ensinar a gerir projetos de software e pediria ajuda para também se reinventar neste sentido. Me parece que eles são bem competentes para definir e gerir outros tipos de projetos, como de navios.

Declaração:
Tudo que foi escrito aqui reflete apenas a minha visão sobre o assunto.
Não fui forçado a escrever isso. =P
Não existem verdades absolutas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário