Fishbowl durante o AgileTour em Maringá |
O primeiro ponto para refletir é que nada garante que a transição vai dar certo, mesmo lendo todos os livros do Kotter, Mary Lynn, Drucker, Demming e fazendo todos os cursos oferecidos pelo mercado. E o motivo para isso pode ser expressado na teoria da complexidade. A organização é um organismo vivo, que possui vontade própria, que pensa. Podemos prever algumas reações aos estímulos, mas a maioria é impossível. Nenhuma teoria e práticas anteriores podem garantir o sucesso de um processo de mudança organizacional.
O segundo ponto é que o senso de urgência pode estar baixo, a complacência pode ter se espalhado e o momento simplesmente não permite que você faça mais alguma coisa para tirar o projeto de mudança da inércia. E se o senso de urgência está baixo, pouca coisa poderá ser mudada. Existem alguns termômetros que devem ser utilizados para medir o senso de urgência.
Se você está conseguindo extinguir com facilidade pequenas picuinhas, problemas rasos, existe algum senso de urgência. Se não consegue, o senso de urgência é zero. Se consegue resolver com facilidade alguns problemas no nível gerencial, seu senso de urgência está elevado. Se não, o nível está baixo, mas ainda pode existir. Se você consegue resolver problemas envolvendo o top management e a empresa como um todo, o senso de urgência está elevadíssimo e se for mantido assim, existem grandes chances da transição fluir sem problemas até o fim.
Um exemplo deste último caso é a questão do bônus por meritocracia e a supervalorização das motivações extrínsecas. Se a transição estiver com senso de urgência suficiente na visão "se tornar a melhor empresa para se trabalhar no ramo que atuamos para assim atrair os melhores profissionais do mercado" a guiding coalition conseguirá mexer neste ponto tão delicado. Entretanto, se a visão estiver mal definida, mal comunicada ou nem existir, fica difícil elevar o senso de urgência. Sem senso de urgência, atividades lúdicas poderão ser vistas como palhaçada.
É difícil entrar neste assunto sem tentar analisar o que é falhar em um projeto de transição. Tecnicamente é não completar o projeto. Mas, filosoficamente, será que poderemos considerar uma falha, caso uma semente muito forte tenha sido plantada, que poderá germinar com força para completar o projeto um, dois anos depois?
Fica a reflexão.